sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Reestruturando...

Em meados do ano passado (2008), criei este blog com o objetivo de discutir alguns assuntos que considero importante para melhor compreender nossas realidades.

Desde a primeira postagem, tentei elaborar textos para estimular discussões sobre assuntos como Jornalismo, Política, Cultura, Teatro, Música, História, entre outros. Assim, minha proposta era fazer com que os textos contribuissem para a reflexão dos leitores, visando um diálogo constante entre eles. Eu, como idealizador e autor desta página,também me considero sobretudo leitor destes textos. Desse modo, eu estou aprendendo através dos meus próprios textos e da opinião dos leitores do Cálice.

Por considerar esta proposta razoável, manterei este mesmo objetivo, pois acredito que este é o método mais viável para uma constante reflexão acerca dos temas que me proponho a discutir neste espaço, seja através dos meus próprios textos ou da opinião dos leitores. Sendo assim, os leitores são fundamentais para mim e para o Cálice.

Entretanto, alguns leitores me sugeriram que eu mudasse a forma de construir os meus textos. Por considerá-los parte integrante do projeto, resolvi adaptar o blog para atender as expectativas deles e as minhas também. Afinal, sem os leitores a proposta do Cálice morre na praia. Segundo eles, os textos eram "densos demais". E como forma de agradá-los e fazê-los sentir prazer em refletir sobre os temas, tentarei, já na próxima postagem, mudar a forma de escrever - e espero não decepcioná-los.

Agradeço a todos que lêem o Cálice. Compreendo que alguns não gostem de opinar, mas continuo insistindo para que dêem "um cálice de opinião, sem gelo, por favor", pois sem sugestões, críticas e elogios não há movimento. No meu modo de pensar a vida é um constante movimento e, portanto, uma constante transformação. Como dizia o auspicioso Simón Rodriguez, escritor e pensador venezuelano: "Ou inventamos ou erramos". Nesse sentido, meu esforço é fazer valer esta máxima, pois através da discussão podemos inventar um mundo feliz e harmônico.

Embora isto seja uma gota de esperança em um oceano de horror, eu acredito que tudo que é grande começa pequeno. E isto estimula minha esperança na construção, tijolinho por tijolinho, de um mundo cada vez melhor para nós mesmos.

Muito obrigado!

Peço que me ajudem a divulgar.

Em breve, novas postagens. Aguardem!

P.S.: Por falta de tempo não estou atualizando o blog com muita frequência, mas farei o possível para manter uma razoável regularidade.

João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

As Relações Sociais nas Redes Digitais.

As redes sociais, sobretudo o Orkut, são um sucesso no Brasil. Segundo um Estudo da consultoria comScore, 85% dos internautas brasileiros visitam alguma rede social. Além disso, o Brasil está na segunda posição no raking de países que mais acessam as redes sociais, perdendo apenas para o Canadá. Se por um lado estas constatações mostram que o "analfabetismo digital" do brasileiro foi praticamente superado, por outro lado sustenta a idéia de que as relações humanas - no mundo inteiro - estão cada vez mais virtuais.

A atual estrutura social e econômica estimula relações descartáveis e efêmeras em todos os aspectos da vida material. Por conta disso, se já não bastasse, a destruição criativa, típica do sistema capitalista em seu estágio imperialista, desperta a idéia de "eterno recomeço" como regra para as variadas formas de interação social. Logo, esta lógica também se sustenta quando se trata de relacionamentos amorosos.

Ora, aqueles velhos valores de "casar e ter filhos" são histórias da vovó. Nas redes sociais o "barato" é outro. A juventude está de "cara nova" e para ficar "descolada" precisa seguir as tendências do mundo digital. Longas "declarações de amor" são frequentes nos namoricos de Orkut. Alguns destes "casais digitais" mal se vêem na vida real e, às vezes, nem se conhecem pessoalmente, vivendo namoros de fachada para se adaptarem ao contexto deste novo "espaço".
Os adultos também estão "na onda". Estes, na melhor das hipóteses, vêem uma pequena chama de um amor com código de barras e, consequentemente, com prazo de validade. As relações estimuladas pelas redes digitais, de modo geral, não têm verdadeira sentimentalidade e se resumem em mera relação propulsora para um certo tipo de prestígio social e, por vezes, monetário. Além disso, há casos de namoros reais acabarem por conta de intrigas criadas nas redes, sendo que nem sempre as desavenças têm fundamento. Ou seja, é o virtual tomando de assalto tudo o que acreditávamos ser real.
As relações humanas sugerem riscos e ansiedades através do simples ato de conviver, contudo, na superficialidade das dinâmicas sociais modernas, o "desconvívio" também paga seu tributo. A conclusão mais coerente sobre esse constante e passageiro movimento de "apaixonar" e "desapaixonar", "comprar" e "vender", é que o ser humano vive cada vez mais solitário na multidão. Em suma, não há identidade. Há apenas ilusões e um tremendo fluxo de informação que não informa. E, mesmo assim, a população tenta encontrar uma luz no fim do túnel através de um caminho calcado na eterna falta de amor criada pela infinita vontade de amar.
Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

domingo, 2 de agosto de 2009

Século XXI: O Século da Interrogação!?

A primeira década do século XXI está chegando ao fim e ainda assim não temos uma idéia concreta sobre o futuro da sociedade humana. Há muitas nomenclaturas para o "século da interrogação". No entanto, há pouca clareza no que se refere aos problemas da realidade.

Nem a Filosofia nem a Ciência conseguiram alcançar respostas substanciosas sobre os impropérios da vida social moderna. Alguns falam em "pós-modernismo", outros em "cybermodernidade", mas tudo isso desagua na simples idéia de indefinição.

Em uma megalópole como São Paulo, milhões de pessoas, além de trabalhar no mínimo 8 horas por dia, perdem horas em ônibus e metrô. Se um cidadão acorda às 5 da manhã para chegar ao trabalho às 7, almoça fora de casa e ainda enfrenta uma tremenda maratona para chegar em casa às 19, - levando-se em consideração que um ser humano necessita em média de 8 horas para dormir - parece óbvio que este cidadão não tenha tempo para si mesmo e, assim, também não haverá tempo para pensar sobre os problemas ambientais e sociais que o afligem. É o instinto de sobrevivência, pois a necessidade essencial de um homem adulto é alimentar sua família. Por este prima, o problema se mostra ainda mais complicado.

Talvez este seja o grande empecilho, em um mundo globalizado em que só se vê um totalitarismo latente subsidiado pela falta de esperança, para que a América Latina tome as rédeas do desenvolvimento humano que sempre se manteve coadjuvante diante da prepotência arrogante dos europeus e do fetichismo insensato dos norte-americanos. Pois nas cabeças do terceiro mundo há esperança. E há, sobretudo, resistência.

Com a crise econômica mundial a situação se agravou consideravelmente, visto que a principal consequência da atual "crise" é uma maior estratificação social e, consequentemente, o aumento do custo de vida daqueles que mantinham uma situação econômica "aceitável".

Os principais meios-de-comunicação maqueiam a verdade e insistem na balela de que o desnecessário é imprescindível. Muitos literatos do século XX, como os ingleses Aldous Huxley e George Orwell, concebiam "visões de futuro" que, nos dias de hoje, são uma gigantesca lacuna. A revolução digital contribuiu efetivamente para aumentar esta lacuna principalmente após a ascensão das redes sociais e da chamada cybergeografia.

Nunca houve um momento na História em que seja tão necessário uma revolução de pensamento, pois as circustâncias deixam claro que as definições são a única hipótese para que o maior número de pessoas compreenda a gravidade do problema.

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A Profissionalização Globalitarista.

Hoje, no Brasil, as universidades com maior infra-estrutura e prestígio, como a USP (Universidade de São Paulo), formam, consequentemente, os melhores profissionais do país. Estes profissionais são disputados pelas maiores empresas do mundo que, por sua vez, buscam no mercado globalizado a mão-de-obra necessária para o desenvolvimento de seus empreendimentos. Seduzidos pelos altos salários e pelas melhores condições de trabalho, estes "melhores do mercado" encontram nas empresas multinacionais a oportunidade perfeita para o progresso na vida material.

A consequência mais direta desse processo é a fragilidade das potencialidades de um país. Os "saberes" ficam detidos nas mãos de poucos e, por conta disso, cria-se um oligopólio das técnicas que atropela todo o processo de desenvolvimento global, ou seja, esta globalização não se mostra global de fato. A principal característica destas "privatizações" dos conhecimentos técnico e científico é, em todos os aspectos, o desmantelamento desta noção "global", que se transforma, por sua vez, em microregionalização de poder. Toda esta lógica gira em torno do capital.

É fundamental que as universidades - principalmente as públicas - não sigam este modelo tecnocrata de mercado. Para isto, é preciso estimular políticas públicas para que as emigrações não sejam a única saída para os melhores profissionais.

Desse modo, nossas vidas culturais e, sobretudo, intelectuais se convertem, cada vez com mais intensidade, em produtos de prateleira de um mercado perversamente globalizado.

Forma-se profissionais para que sejam cidadãos que defendam os interesses nacionais ou apenas profissionais que trabalhem para quem paga mais? A resposta dessa simples pergunta está ligada essencialmente na formação acadêmica do profissional e na política de desenvolvimento nacional proposta pelo Estado.

Através destas análises, a oportunidade de mudança é o cerne da questão. Por meio das universidades pode-se criar novas perspectivas para se construir um mundo menos perverso.

Em suma, a Academia tem a obrigação de mostrar o que não deve ser feito - tomando como prioridade o desvinculamento com a tecnocracia globalitarista - por meio da compreensão das consequências que determinadas atitudes (intimamente ligadas na relação entre profissional e mercado) geram para o desenvolvimento dos bairros, das cidades, dos países e, sobretudo, das relações humanas em geral. A partir daí, a universidade desempenhará seu verdadeiro papel e proporcionará o retorno moral que toda sociedade humana merece e necessita: uma nova forma de encarar a realidade.

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Caricatura do Mundo Real.

Atualmente, os seres humanos produzem aproximadamente 400 milhões de toneladas de lixo por ano. No Brasil, cerca de 76% do lixo diário, que chega a 70 milhões de quilos, são despejados em céu aberto. Somente 10% vai para lixões controlados, 9% vai para aterros sanitários e somente 2% é reciclado. Basta? Não. O brasileiro tem o péssimo hábito de jogar todo tipo de lixo no chão. Estas atitudes são claramente nocivas, mas, por serem regra, passam despercebidas e acabam se transformando em trechos triviais da agitação da vida moderna.

Nas grandes cidades, o risco de inundação é frequente. Em cidades menores, como Alfenas, embora não haja risco considerável, o lixo levado pela água das chuvas também entope os bueiros (também chamados de bocas de lobo), impedindo, assim, o escoamento da água. É curioso perceber que as mesmas pessoas que jogam o lixo no chão reclamam quando os carros passam pela água acumulada nesses bueiros entupidos e fazem aquela "cachoeira": molhando o corpo e dando um tapa na cara da alma. Encontra-se aí uma contradição de valores. Desconhecimento ou hipocrisia?

Estamos preparados para cobrar do Estado coerência com suas principais finalidades? Estamos preparados para o amadurecimento das nossas instituições? Não, pois continuamos arraigados nos valores mesquinhos e na mentalidade tacanha, que nos ajudam, na melhor das hipóteses, a entender somente o presente, sem, no entanto, compreendê-lo de fato. E o futuro?

Desse modo, sem olhar para o passado nem tampouco projetar um futuro salutar, o homem se torna ínfimo feito um pontinho no meio do nada, que engole, mas não consegue digerir, os simples gestos de consciência, que deveriam nascer arbitrariamente através de uma educação que realmente eduque, e não mais brinque de criar caricaturas hipócritas de um mundo que deveria ser real, mas é, na verdade, mais uma das tantas tolas superstições.

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Assembléia Popular: Que horas são meio-dia? (2ª parte)

Toda atividade humana, principalmente de caráter empresarial, tem efeitos ambientais. Há algumas décadas, a geração de poluentes pelas empresas era entendida como uma consequência inevitável nos processos industriais, o que provocou um grau de deteriorização ambiental acentuado em muitas regiões do mundo.

Porém, nos dias de hoje, esse cenário se mostra cada vez mais insustentável. Os impactos ambientais levados a cabo pelo modo de produção capitalista ultrapassa tudo o que razoalvelmente entendemos - o tão falado "Aquecimento Global" é o principal exemplo.

A partir de 1972, na I Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, pensou-se no Sistema de Gestão Ambiental como alternativa para os problemas enfrentados pelas empresas: aumentar a produção sem alterar as condições naturais do meio ambiente. A resultante disso foi a criação de órgãos de proteção ambiental em diversos países. No entanto, a tentativa de controlar os impactos ambientais provocados pelas atividades capitalistas caiu por terra quando saiu do campo das idéias e experimentou o mundo prático. O capital é a chave-mestra que liga todas as engrenagens do Sistema.

Algumas empresas começaram a perceber que gerar resíduos é sinônimo de perdas econômicas a longo prazo, pois isto representa desperdício de matérias primas, água e energia, criando gastos adicionais com o tratamento, armazenamento e disposição final dos resíduos. Aquém dos riscos potenciais à saúde pública e ao meio ambiente, as empresas simplesmente ignoraram os órgãos de proteção, que, por sua vez, não se importaram com seu próprio intuito.

No seu estágio imperalista, o capitalismo, mais que expandir os mercados, quer manter as taxas de lucro e os antagonismos sociais no plano estratosférico. Os resíduos gerados pela produção - que podem provocar graves acidentes ambientais quando manuseados ou dispostos de forma inadequada - pouco importam desde que não alterem as taxas de lucro. Nessa concepção, o lixo é apenas uma consequência frívola aos olhos dos detentores dos meios de produção.

Enfim, parece claro que uma boa conduta ambiental é indispensável para uma relação salutar entre o homem e o meio. O setor industrial dá as costas às necessidades e dispensa perspectivas que não passem pelos caminhos da expansão do capital. Portanto, é dever das massas se revoltarem ante mais uma das aberrações geradas pelo capitalismo. A maioria pode vencer.

É hora de levantar da cadeira. É hora de ir às ruas. É hora de lutar por um Brasil, e um mundo, mais justo! A hora é agora! Que horas são meio-dia?

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Assembléia Popular: Que horas são meio-dia? (1ª parte)

A Assembléia Popular é um processo que visa a mobilização nacional a partir dos movimentos sociais e populares. Essa mobilização tem como objetivo discutir sobre as transformações necessárias para construir uma nova sociedade.


É notável que as transformações ocorridas no Brasil desde 1990, como a globalização neoliberal, trouxe profundas mudanças na conjuntura do país. O neoliberalismo, outrora ascendente, foi assimilado pelo mundo globalizado, criando uma guerra social mais acintosa. Tudo é mercadoria. O objetivo dessas mercadorias não é responder às necessidades básicas da população, mas de gerar sempre mais lucro.


Esse Novo Liberalismo é mais intenso, mais extenso e mais abragente pelos caminhos criados pela globalização, que garante a interconexão entre nós e o resto do planeta. A redução das distâncias e do tempo tornam as fronteiras virtuais, abrindo portas de acesso a outros povos com uma intensidade assustadora. A partir disso, o neoliberalismo consegue o substrato necessário para atingir seu maior objetivo: a expansão dos mercados consumidores; garantindo, assim, sempre maiores lucros.


A resultante desse processo é a escravidão do homem perante o capital. O capital orienta a conduta do Estado e da Justiça gerando políticas públicas fisiologistas em detrimento de uma minoria detentora do poder econômico, político e cultural. As instituições repressoras do Estado, como a polícia, sustentam esse mecanismo de controle no campo prático, enquanto a televisão e os meios de comunicação em geral "cuidam" do campo das idéias, garantindo a "ordem" imposta pelo capitalismo.


Os trabalhadores sofrem ainda mais com as rédeas impostas pelo Sistema, pois recebem salários de subsistência, sendo que são eles que realmente transformam os recursos naturais em riqueza. São os trabalhadores, portanto, que criam valor sobre as mercadorias e, no entanto, se mantém distantes das suas próprias construções. Não pode ser justo que nossas maiores riquezas estejam sobre domínio de apenas 6% da Humanidade. Se a maioria (os trabalhadores) não tem dignidade não há lógica que sustente o Sistema político-econômico atual. E ainda há questão do meio-ambiente, que será tratada numa próxima ocasião.


A classe média é o meio-termo perfeito entre o anseio por uma riqueza utópica e a máscara de uma pobreza oculta. A classe "meio-termo" é sempre maioria, sendo, consequentemente, a base sólida de toda essa lógica, que se mantém, por sua vez, pelo distanciamento do conhecimento, seja por omissão ou por falta de esclarecimento. A Assembléia Popular tem a função de tornar patente as latências, trazendo novamente à tona a conscientização política, que gera uma esquerda com verdadeiros ideais de justiça social.

É hora de levantar da cadeira. É hora de ir às ruas. É hora de lutar por um Brasil mais justo! A hora é agora! Que horas são meio-dia?

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O Brasil e Seus Cânceres.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que os preços dos cigarros populares devem subir 20%, enquanto as marcas premium ficarão 25% mais caras. A medida pretende bancar parte dos incentivos às montadoras de automóveis, caminhões e motocicletas e também ao setor da construção civil, que, ao contrário, terão desoneração de impostos.

No Brasil, a indústria do tabaco movimenta 13 bilhões de reais ao ano e os cofres públicos faturam 7 bilhões em impostos.

Se por um lado o aumento faz bem à saúde dos brasileiros (o aumento de 10% nos impostos sobre os cigarros representa hipotética queda de 8% no consumo, segundo a Organização Mundial de Saúde), a medida por si só não resolve as limitações tributárias do país. Além disso há a possibilidade do contrabando aumentar consideravelmente.

A Reforma Tributária, que tanto se falou e nada se fez, não faz parte dos planos. É necessária uma ampla reforma no sistema atual de tributação. A lógica dessa política tributária baseada no sobe-aqui-e-desce-ali se mostra débil há tempos. A moda é resolver problemas parcialmente para que haja sempre uma carta na manga. Uma das piores doenças do Brasil é o inchaço das contas públicas, que deixam a saúde do país sem forças para lutar com econômias rijas como a da China, Rússia e Índia, os chamados BRICs.

Em um cenário de crise mundial, priorizando-se o sobe-aqui-e-desce-ali, o Brasil só perde. Cria-se, a partir daí, um sistema caótico que "ganha" com as perdas. Ganhos que são divididos entre meia dúzia de sultões que só querem seu quinhão, enquanto o infinito de trabalhadores pagam o preço da farra levada a cabo pelos Dirceus, Jeffersons, Delúbios, Genoinos, Calheiros e afins.

Analisando as entranhas do corpo político brasileiro, conclui-se que o câncer está se alastrando desde o Oiapoque até o Chuí, com grande tendência de ser maligno. Enquanto os demais países em desenvolvimento buscam curar suas doenças respiratórias, o Brasil continua preso em problemas centenários, que vêm desde a colonização e já deviam fazer parte do passado.

Caminhando pelos ideais intrincados da petulância política, o Brasil estimula as soluções parciais e deixa de lado o trabalho para buscar soluções efetivas.

Para a dignidade e o verdadeiro desenvolvimento é preciso curar esse câncer. Somos o pulmão do mundo, portanto, podemos usá-lo para que o mundo possa respirar novos ares.

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Senado Federal: Um cenário esculhambado.

Pode-se sentir o fedor cadavérico da atual política nacional sem precisar do faro de cão vigilante característico da antiga esquerda que viveu as fatídicas décadas sobre a inquirição do Regime Militar. A esquerda desses tempos era representada pelo que é hoje a direita, que mostra-se, nesse novo cenário, como apenas mais do mesmo. O governo agora é civil, mas continua anti-democrático assim como era com os antigos milicos.

Com o passar do tempo a "nova esquerda", depois de ficar rouca, perdeu a voz. Um carguinho aqui, uma articulaçãozinha ali ou um favorecimento em uma licitaçãozinha acolá resolvem facilmente qualquer problema que venha confrontar a situação. O caráter fisiologista dessa "nova esquerda", no entanto, é corroborado por condutas que são, além de atentados à democracia, uma forma de ditadura latente, exatamente igual aos tempos de repressão propriamente dita. Afinal, se não há esquerda atuante, não haverá quem "pegue no pé" da direita, é a ditadura do "cala-te com cargo". Essa lógica constrói uma rodovia de ilegalidade onde a fiscalização quase não trafega.

O senador Jarbas Vasconcelos denunciou o que, com um pouco sutileza, já percebia-se há tempos, principalmente após o PT agarrar o poder. As pilantragens políticas não são exclusividade de um partido isolado, mas de toda cúpula partidária do país. É um esquema que envolve muito mais segredos do que se pode imaginar. A partir de minúcias ainda desconhecidas no caso do ex-delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha, e também escavando um pouco mais o caso dos mensaleiros, pode-se começar a montar o quebra-cabeça dessa máquina de corrupção. Não há limites para a sujeira abaixo da linha do Equador. A causa é o interesse e o efeito é o caos político.

Enquanto a mesquinhez da politicagem continuar ressuscitando cadáveres políticos como Fernando Collor e Renan Calheiros, o cemitério da corrupção (representado, sobretudo, pelo Palácio do Planalto) servirá de estrutura física e ideológica para a continuação dessa embriaguez política onde a lei é cega (ou devidamente "calada com sinecuras"?).

Os parlamentares preferem não beber na garrafa da ética, não se sabe se por conveniência ou pelo simples fato de que resolver problemas complexos sentados na mesa de um bar sempre será mais complicado.

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

Foto: Senador Jarbas Vasconcelos: O último dos moicanos.

quinta-feira, 5 de março de 2009

A excelência que rompe fronteiras.

O Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, em Tatuí, São Paulo, sempre foi representado pela excelência no ensino, trazendo alunos de outros estados e até de outros países. O ensino de qualidade fez da instituição ícone cultural no estado de São Paulo.

Apesar da falta de um programa para incentivar intercâmbios, o Conservatório se faz pela sua grande produção cultural. Em Julho de 2008, os alunos Isaura Mello (flauta) e Bruno Soares (trompete) foram selecionados para participarem da Orquestra do Festival de Bayreuth (cidade do norte da Baviera), um dos mais importantes festivais da Alemanha.

A administração do Conservatório tenta intensificar esses intercâmbios, porém não há divulgação para atrair estudantes de fora do país. A disputa de vagas entre estrangeiros e brasileiros natos é dada de igual para igual. Não há preferência senão o próprio mérito do concorrente ao ingresso na instituição. “A gente nunca impediu nenhum estrangeiro de vir, mas fazer uma ampla divulgação significaria diminuir as vagas dos nossos contribuintes”, disse o assessor artístico do Conservatório, Eric.

As vagas aos 29 cursos do Conservatório de Tatuí são sempre oferecidas no início de cada ano letivo. O candidato inscrito num curso em que o teste é facultativo realiza o teste caso tenha algum conhecimento musical e uma entrevista caso não tenha nenhum conhecimento musical.

A Orquestra de Metais “Lyra Tatuí” foi o primeiro grupo brasileiro a participar como convidado de um evento a nível mundial. Apesar de não ter ligação direta com o Conservatório, a orquestra é mantida pelo maestro Adalto Soares, que é também professor em Tatuí.

Em Novembro passado, a maestrina Márcia Braga se apresentou com o grupo “Violões & cia”. Eles participaram, em Heidelberg (no noroeste do Baden-Württemberg), também na Alemanha, do Encontro Internacional de Jovens Violonistas.

A Alemanha que criou mestres da música erudita, como Johann Sebastian Bach e Ludwig van Beethoven, exporta talentos para estudar no Brasil mesmo sem incentivo por parte da instituição brasileira, mostrando a força do Conservatório de Tatuí. Sobretudo, além de mostrar os estudantes que vêm de fora, é importante mostrar os trabalhos de brasileiros que representam nosso país em diversos eventos além das fronteiras tupiniquins, como Juliano de Arruda Campos (flauta) e o maestro Dario Sotelo, que também se apresentarão no exterior.

Os intercâmbios têm como principal objetivo trocar informações, ou seja, internacionalizar o ensino, permutando idéias de diferentes culturas. Figurando entre as maiores escolas de ensino musical do país, o Conservatório de Tatuí busca, acima de tudo, que outros países conheçam a escola, ou seja, que conheçam o trabalho dos brasileiros, e não somente a formação dada aos alunos estrangeiros no Brasil.

No futuro, a escola pretende criar um programa de música brasileira para estrangeiros. A partir daí, portanto, incentivar estrangeiros para estudar no Brasil terá um sentido prático. O Conservatório contribuiu essencialmente para que Tatuí ganhasse o título de “Capital da Música”. Outro ponto fundamental para que o município ganhasse o invejado codinome foi a paixão de seu povo pela música. Tanto essa paixão quanto a excelência da maior escola de música da América Latina levaram à criação da lei estadual 12.544, que oficializa Tatuí como a “Capital da Música do Estado de São Paulo”, em 30 de janeiro de 2007.

O Conservatório Dr. Carlos de Campos é aberto a todos, pois é uma instituição pública. Para quem quer ingressar no ramo da música, a excelência no ensino fica bem aqui: No Estado de São Paulo. Não é na Alemanha. Acredite: É logo ali, em Tatuí.

Entrevista e coleta de dados: Bruna Lagreca.

Texto: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

As máscaras da moral.

A religião sempre foi alicerce de todas as civilizações. Desde a Babilônia até os dias de hoje, o denominador comum entre tempo e fé sempre foi a preservação da vida, sobretudo a humana. A morte só é aceitável quando ocorre naturalmente. Os transgressores desta lei natural pagam caro perante a lei humana, como no caso do artesão José Vicente Matias, o Corumbá, assassino confesso de seis mulheres em quatro Estados do país, que foi condenado em 2008 a 23 anos de prisão em Goiás. A população sempre aplaude decisões judiciais como esta.

Mas, o que a sociedade sente ao ver nas telas o ator Tom Cruise no grande sucesso Missão Impossível? A imagem assimilada é de um homem forte, inteligente e corajoso, que não mede esforços para salvar o mundo de terríveis terroristas. O cinema nacional apresentou ao mundo, através da memorável atuação de Wagner Moura em Tropa de Elite, o intrigante líder do BOPE, que, com pulsos de ferro, travou batalhas diárias nos morros cariocas para garantir a ordem.

O Capitão Nascimento dividiu opiniões pelos seus métodos de tortura e execução ao combater o tráfico de drogas. Já o personagem de Tom Cruise chega a matar cerca de quarenta pessoas em Missão Impossível. O ponto de vista social foi distorcido pelo nível de "realidade" dos dois filmes, levando a aceitação do personagem de Missão Impossível e a rejeição do personagem de Tropa de Elite. Basicamente, as diferenças são insignificantes para justificar as dissensões. Afinal, ambos são assassinos frios.

A opinião pública sempre foi manipulável. Aqueles que argumentam de forma coerente, com discurso de "mocinho" durante o enredo, conseguem transformar assassinos em heróis e ladrões em ícones admiráveis. A sociedade sempre aclamará a coragem de Che Guevara ou a força e fé de Joana D’arc. A moral, através dos "bons costumes", constrói novos conceitos sociais, deixando de lado o simples fato de que o ser humano é invariavelmente simples de coração. Nós construímos mitos. Nós criamos monstros. Nós alimentamos a dor.

Por: Adriane Cacielle de Souza e João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Inércia do erro: O progresso do conformismo.

Em um passado não muito distante, quando comecei a cursar comunicação, li o livro Teorias da Comunicação: o pensamento e a prática da Comunicação Social. Rio de Janeiro: Campus, 2003. Dos autores Ilana Polistchuk, mestre em Comunicação Social, e Aluízio Ramos Trinta, bacharel em Letras. A última frase do livro me deixou com uma pulga atrás da orelha, e levou-me à reflexão: “Quanto mais escura se faz a madrugada, tanto mais carrega em si a aurora”. No primeiro momento, achei a frase interessante por conter uma filosofia forte. Entretanto, após alguns meses, deparei-me novamente com essa frase pesquisando minhas resenhas antigas. E enxerguei um pouco além.

Há momentos em que acreditamos ter descoberto o segredo de tudo, com respostas às perguntas irrefutáveis. Porém, a vida mostra-se mais complexamente simples a cada dia. Ter a certeza de que não existe certeza é algo tampouco incerto. A incerteza concerne em busca e desfaz-se em reflexão. E isso já é um segredo lindo que a natureza humana nos mostra.

A sociedade racional sempre transformou a natureza irracionalmente. E hoje sofremos as consequências dessa insensatez. O já ultrajado Aquecimento Global é nossa herança. O nosso próprio habitat nos mostra verdades, como uma forma de fomentar a singularidade e, ainda assim, continuamos insistindo no errado.

Nos dias de hoje, dá-se tanto valor à pluralidade, às massas, que a individualidade ficou rouca e agora perdeu totalmente a voz. Somos, com mais veemência, um pontinho no meio do nada. A individualidade está para o ser humano assim como o oxigênio está para todos os aeróbios. Nós não somos massa nem tampouco multidão, mas cidadãos. Embora a minoria da sociedade (quem orquestra!) quer a manutenção do silêncio, através do condicionamento social e cultural, somos, sobretudo, indivíduos pensantes e não podemos fugir das nossas responsabilidades. Enquanto tudo isso acontece no quintal de nossas casas, nós, os "motores" (fundidos!?) da História, recebemos tudo de braços abertos, dizendo: "O meu voto não vale nada." ou "De que adianta eu votar no fulano se todos vão votar no ciclano?" ou ainda "Político é tudo igual. Dá na mesma!"

Por essas e outras, observo a acomodação das pessoas ante o absurdo e, através da ordem social vigente, vejo-as com medo de acreditar, medo de ter esperança, sempre capengando com a "irreversibilidade do Sistema" ou com o discuro típico da classe média hipócrita: "O PT dizia ser diferente e continua a mesma coisa". O erro está na desesperança. Pois quem não anseia não tem uma existência funcional. Será que precisamos de outro Golpe Militar para servir de desfibrilador para salvar a verdadeira esquerda?

Em suma, o mais importante da vida é, de fato, a noção de responsabilidade. Cada ação, seja ela profícua ou deletéria, gera uma reação. A partir daí, o conhecimento se torna a única virtude, criando assim uma rede onde o essencial é prioridade. É preciso sim mudar o mundo. É preciso sim não aceitar mais do mesmo. Não somente nas questões filosóficas e políticas, mas em tudo que rezoavelmente entendemos, é preciso enxergar além. É sempre cabível sugerir e absolutamente plausível conhecer.

Sendo assim, o incoformismo (fruto da reflexão) é invariavelmente o caminho para o verdadeiro progresso da sociedade moderna.

Buscando as verdades, poderemos, sobretudo, unir fé e razão, amar o nobre e o plebeu, respeitar as diferenças entre muçulmanos e cristãos e, quem sabe, agradar a gregos e troianos. Pois em época de trevas, quanto mais a escuridão se faz, maior a possibilidade de se encontrar luz no fim do túnel.

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo

Arte: Princípio da Incerteza - René Magritte, 1944

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A liberdade infundada de uma imprensa reacionária.

Em mais uma de suas trapalhadas jornalísticas, VEJA, a revista semanal mais vendida do país, salvaguardou seus conceitos estapafúrdios e contraditórios de liberdade.

A matéria publicada na edição 2096, de 21 de janeiro do ano corrente, intitulada "A Invenção de Niemeyer", arranhou sutilmente a arbitrariedade humana, usou erroneamente a seção "Cultura" e, de quebra, desrespeitou o grande Niemeyer, de 101 anos, em uma matéria de relevância nula.

Mais importante que criticar acintosamente (e ironicamente, diga-se de passagem) o artigo assinado por Oscar Niemeyer, seria, em uma seção carimbada como "Cultura", expor distintas visões sobre determinado assunto, dando ao leitor as asas do discernimento.

Não se sabe as razões do "fetiche" arrogante de VEJA. Porém, o prestígio estruturado pelos 42 anos de história da revista salienta um refúgio para os valores vistos do próprio umbigo. Uma mídia que impõe quando deveria apenas expor. Dessa forma, a Editora Abril demonstra, mais uma vez, que não ultrapassou a linha entre absurdo e razão, não podendo receber nada além de adjetivos para uma quarentona arrogante que se acha dona da verdade.

Em sua última edição (4 de fevereiro), o nome de Oscar Niemeyer estava novamente presente. E, coincidentemente ou não, sendo novamente criticado. O nome do arquiteto centenário estava no "desce" da seção "SobeDesce" somente porque o Ministério Público ameaçou vetar a construção de um de seus inúmeros projetos.

Só resta saber o motivo pelo qual o Grupo Abril está tentando denegrir a imagem de um homem que já provou, em ações humanas, ser melhor do que a corja de mesquinhos que rondam o Quinto Poder como ratos que rondam os alimentos das dispensas das casas.

A grande imprensa continua pequena, gerida pelo jornalismo minúsculo, que é a estrutura óssea de uma sociedade hipócrita. Todavia, ainda há leitores que têm olhos de serpente. Estes sabem que a ditadura latente destrói almas com a mesma intensidade que uma miríade de armas químicas.


Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Até os ociólogos merecem férias...

Após um período de recesso, o CÁLICE voltará à ativa no mês de fevereiro. Não somente para descanso intelectual, mas por impossibilidades tecnológicas (um salve ao mundo digital), o blog manteve-se à sorrelfa de idéias.

O CÁLICE insistirá na complexamente simples tarefa de transformar a vida humana através da palavra escrita. Garantido, por essa lógica, o nascimento de novas idéias às luzes do mundo e da sociedade contemporânea.

Com ética e perseverança, cantando loas ao arbítrio propriamente dito, ou seja, expondo e não impondo, a missão é transmitir pensamentos prósperos para construir, ou, ao menos, mover, moinhos.

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

Arte: Eugène Delacroix, Odalisca reclinada em um divã.