quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

As máscaras da moral.

A religião sempre foi alicerce de todas as civilizações. Desde a Babilônia até os dias de hoje, o denominador comum entre tempo e fé sempre foi a preservação da vida, sobretudo a humana. A morte só é aceitável quando ocorre naturalmente. Os transgressores desta lei natural pagam caro perante a lei humana, como no caso do artesão José Vicente Matias, o Corumbá, assassino confesso de seis mulheres em quatro Estados do país, que foi condenado em 2008 a 23 anos de prisão em Goiás. A população sempre aplaude decisões judiciais como esta.

Mas, o que a sociedade sente ao ver nas telas o ator Tom Cruise no grande sucesso Missão Impossível? A imagem assimilada é de um homem forte, inteligente e corajoso, que não mede esforços para salvar o mundo de terríveis terroristas. O cinema nacional apresentou ao mundo, através da memorável atuação de Wagner Moura em Tropa de Elite, o intrigante líder do BOPE, que, com pulsos de ferro, travou batalhas diárias nos morros cariocas para garantir a ordem.

O Capitão Nascimento dividiu opiniões pelos seus métodos de tortura e execução ao combater o tráfico de drogas. Já o personagem de Tom Cruise chega a matar cerca de quarenta pessoas em Missão Impossível. O ponto de vista social foi distorcido pelo nível de "realidade" dos dois filmes, levando a aceitação do personagem de Missão Impossível e a rejeição do personagem de Tropa de Elite. Basicamente, as diferenças são insignificantes para justificar as dissensões. Afinal, ambos são assassinos frios.

A opinião pública sempre foi manipulável. Aqueles que argumentam de forma coerente, com discurso de "mocinho" durante o enredo, conseguem transformar assassinos em heróis e ladrões em ícones admiráveis. A sociedade sempre aclamará a coragem de Che Guevara ou a força e fé de Joana D’arc. A moral, através dos "bons costumes", constrói novos conceitos sociais, deixando de lado o simples fato de que o ser humano é invariavelmente simples de coração. Nós construímos mitos. Nós criamos monstros. Nós alimentamos a dor.

Por: Adriane Cacielle de Souza e João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Inércia do erro: O progresso do conformismo.

Em um passado não muito distante, quando comecei a cursar comunicação, li o livro Teorias da Comunicação: o pensamento e a prática da Comunicação Social. Rio de Janeiro: Campus, 2003. Dos autores Ilana Polistchuk, mestre em Comunicação Social, e Aluízio Ramos Trinta, bacharel em Letras. A última frase do livro me deixou com uma pulga atrás da orelha, e levou-me à reflexão: “Quanto mais escura se faz a madrugada, tanto mais carrega em si a aurora”. No primeiro momento, achei a frase interessante por conter uma filosofia forte. Entretanto, após alguns meses, deparei-me novamente com essa frase pesquisando minhas resenhas antigas. E enxerguei um pouco além.

Há momentos em que acreditamos ter descoberto o segredo de tudo, com respostas às perguntas irrefutáveis. Porém, a vida mostra-se mais complexamente simples a cada dia. Ter a certeza de que não existe certeza é algo tampouco incerto. A incerteza concerne em busca e desfaz-se em reflexão. E isso já é um segredo lindo que a natureza humana nos mostra.

A sociedade racional sempre transformou a natureza irracionalmente. E hoje sofremos as consequências dessa insensatez. O já ultrajado Aquecimento Global é nossa herança. O nosso próprio habitat nos mostra verdades, como uma forma de fomentar a singularidade e, ainda assim, continuamos insistindo no errado.

Nos dias de hoje, dá-se tanto valor à pluralidade, às massas, que a individualidade ficou rouca e agora perdeu totalmente a voz. Somos, com mais veemência, um pontinho no meio do nada. A individualidade está para o ser humano assim como o oxigênio está para todos os aeróbios. Nós não somos massa nem tampouco multidão, mas cidadãos. Embora a minoria da sociedade (quem orquestra!) quer a manutenção do silêncio, através do condicionamento social e cultural, somos, sobretudo, indivíduos pensantes e não podemos fugir das nossas responsabilidades. Enquanto tudo isso acontece no quintal de nossas casas, nós, os "motores" (fundidos!?) da História, recebemos tudo de braços abertos, dizendo: "O meu voto não vale nada." ou "De que adianta eu votar no fulano se todos vão votar no ciclano?" ou ainda "Político é tudo igual. Dá na mesma!"

Por essas e outras, observo a acomodação das pessoas ante o absurdo e, através da ordem social vigente, vejo-as com medo de acreditar, medo de ter esperança, sempre capengando com a "irreversibilidade do Sistema" ou com o discuro típico da classe média hipócrita: "O PT dizia ser diferente e continua a mesma coisa". O erro está na desesperança. Pois quem não anseia não tem uma existência funcional. Será que precisamos de outro Golpe Militar para servir de desfibrilador para salvar a verdadeira esquerda?

Em suma, o mais importante da vida é, de fato, a noção de responsabilidade. Cada ação, seja ela profícua ou deletéria, gera uma reação. A partir daí, o conhecimento se torna a única virtude, criando assim uma rede onde o essencial é prioridade. É preciso sim mudar o mundo. É preciso sim não aceitar mais do mesmo. Não somente nas questões filosóficas e políticas, mas em tudo que rezoavelmente entendemos, é preciso enxergar além. É sempre cabível sugerir e absolutamente plausível conhecer.

Sendo assim, o incoformismo (fruto da reflexão) é invariavelmente o caminho para o verdadeiro progresso da sociedade moderna.

Buscando as verdades, poderemos, sobretudo, unir fé e razão, amar o nobre e o plebeu, respeitar as diferenças entre muçulmanos e cristãos e, quem sabe, agradar a gregos e troianos. Pois em época de trevas, quanto mais a escuridão se faz, maior a possibilidade de se encontrar luz no fim do túnel.

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo

Arte: Princípio da Incerteza - René Magritte, 1944

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A liberdade infundada de uma imprensa reacionária.

Em mais uma de suas trapalhadas jornalísticas, VEJA, a revista semanal mais vendida do país, salvaguardou seus conceitos estapafúrdios e contraditórios de liberdade.

A matéria publicada na edição 2096, de 21 de janeiro do ano corrente, intitulada "A Invenção de Niemeyer", arranhou sutilmente a arbitrariedade humana, usou erroneamente a seção "Cultura" e, de quebra, desrespeitou o grande Niemeyer, de 101 anos, em uma matéria de relevância nula.

Mais importante que criticar acintosamente (e ironicamente, diga-se de passagem) o artigo assinado por Oscar Niemeyer, seria, em uma seção carimbada como "Cultura", expor distintas visões sobre determinado assunto, dando ao leitor as asas do discernimento.

Não se sabe as razões do "fetiche" arrogante de VEJA. Porém, o prestígio estruturado pelos 42 anos de história da revista salienta um refúgio para os valores vistos do próprio umbigo. Uma mídia que impõe quando deveria apenas expor. Dessa forma, a Editora Abril demonstra, mais uma vez, que não ultrapassou a linha entre absurdo e razão, não podendo receber nada além de adjetivos para uma quarentona arrogante que se acha dona da verdade.

Em sua última edição (4 de fevereiro), o nome de Oscar Niemeyer estava novamente presente. E, coincidentemente ou não, sendo novamente criticado. O nome do arquiteto centenário estava no "desce" da seção "SobeDesce" somente porque o Ministério Público ameaçou vetar a construção de um de seus inúmeros projetos.

Só resta saber o motivo pelo qual o Grupo Abril está tentando denegrir a imagem de um homem que já provou, em ações humanas, ser melhor do que a corja de mesquinhos que rondam o Quinto Poder como ratos que rondam os alimentos das dispensas das casas.

A grande imprensa continua pequena, gerida pelo jornalismo minúsculo, que é a estrutura óssea de uma sociedade hipócrita. Todavia, ainda há leitores que têm olhos de serpente. Estes sabem que a ditadura latente destrói almas com a mesma intensidade que uma miríade de armas químicas.


Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Até os ociólogos merecem férias...

Após um período de recesso, o CÁLICE voltará à ativa no mês de fevereiro. Não somente para descanso intelectual, mas por impossibilidades tecnológicas (um salve ao mundo digital), o blog manteve-se à sorrelfa de idéias.

O CÁLICE insistirá na complexamente simples tarefa de transformar a vida humana através da palavra escrita. Garantido, por essa lógica, o nascimento de novas idéias às luzes do mundo e da sociedade contemporânea.

Com ética e perseverança, cantando loas ao arbítrio propriamente dito, ou seja, expondo e não impondo, a missão é transmitir pensamentos prósperos para construir, ou, ao menos, mover, moinhos.

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

Arte: Eugène Delacroix, Odalisca reclinada em um divã.