quinta-feira, 23 de abril de 2009

Assembléia Popular: Que horas são meio-dia? (1ª parte)

A Assembléia Popular é um processo que visa a mobilização nacional a partir dos movimentos sociais e populares. Essa mobilização tem como objetivo discutir sobre as transformações necessárias para construir uma nova sociedade.


É notável que as transformações ocorridas no Brasil desde 1990, como a globalização neoliberal, trouxe profundas mudanças na conjuntura do país. O neoliberalismo, outrora ascendente, foi assimilado pelo mundo globalizado, criando uma guerra social mais acintosa. Tudo é mercadoria. O objetivo dessas mercadorias não é responder às necessidades básicas da população, mas de gerar sempre mais lucro.


Esse Novo Liberalismo é mais intenso, mais extenso e mais abragente pelos caminhos criados pela globalização, que garante a interconexão entre nós e o resto do planeta. A redução das distâncias e do tempo tornam as fronteiras virtuais, abrindo portas de acesso a outros povos com uma intensidade assustadora. A partir disso, o neoliberalismo consegue o substrato necessário para atingir seu maior objetivo: a expansão dos mercados consumidores; garantindo, assim, sempre maiores lucros.


A resultante desse processo é a escravidão do homem perante o capital. O capital orienta a conduta do Estado e da Justiça gerando políticas públicas fisiologistas em detrimento de uma minoria detentora do poder econômico, político e cultural. As instituições repressoras do Estado, como a polícia, sustentam esse mecanismo de controle no campo prático, enquanto a televisão e os meios de comunicação em geral "cuidam" do campo das idéias, garantindo a "ordem" imposta pelo capitalismo.


Os trabalhadores sofrem ainda mais com as rédeas impostas pelo Sistema, pois recebem salários de subsistência, sendo que são eles que realmente transformam os recursos naturais em riqueza. São os trabalhadores, portanto, que criam valor sobre as mercadorias e, no entanto, se mantém distantes das suas próprias construções. Não pode ser justo que nossas maiores riquezas estejam sobre domínio de apenas 6% da Humanidade. Se a maioria (os trabalhadores) não tem dignidade não há lógica que sustente o Sistema político-econômico atual. E ainda há questão do meio-ambiente, que será tratada numa próxima ocasião.


A classe média é o meio-termo perfeito entre o anseio por uma riqueza utópica e a máscara de uma pobreza oculta. A classe "meio-termo" é sempre maioria, sendo, consequentemente, a base sólida de toda essa lógica, que se mantém, por sua vez, pelo distanciamento do conhecimento, seja por omissão ou por falta de esclarecimento. A Assembléia Popular tem a função de tornar patente as latências, trazendo novamente à tona a conscientização política, que gera uma esquerda com verdadeiros ideais de justiça social.

É hora de levantar da cadeira. É hora de ir às ruas. É hora de lutar por um Brasil mais justo! A hora é agora! Que horas são meio-dia?

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O Brasil e Seus Cânceres.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que os preços dos cigarros populares devem subir 20%, enquanto as marcas premium ficarão 25% mais caras. A medida pretende bancar parte dos incentivos às montadoras de automóveis, caminhões e motocicletas e também ao setor da construção civil, que, ao contrário, terão desoneração de impostos.

No Brasil, a indústria do tabaco movimenta 13 bilhões de reais ao ano e os cofres públicos faturam 7 bilhões em impostos.

Se por um lado o aumento faz bem à saúde dos brasileiros (o aumento de 10% nos impostos sobre os cigarros representa hipotética queda de 8% no consumo, segundo a Organização Mundial de Saúde), a medida por si só não resolve as limitações tributárias do país. Além disso há a possibilidade do contrabando aumentar consideravelmente.

A Reforma Tributária, que tanto se falou e nada se fez, não faz parte dos planos. É necessária uma ampla reforma no sistema atual de tributação. A lógica dessa política tributária baseada no sobe-aqui-e-desce-ali se mostra débil há tempos. A moda é resolver problemas parcialmente para que haja sempre uma carta na manga. Uma das piores doenças do Brasil é o inchaço das contas públicas, que deixam a saúde do país sem forças para lutar com econômias rijas como a da China, Rússia e Índia, os chamados BRICs.

Em um cenário de crise mundial, priorizando-se o sobe-aqui-e-desce-ali, o Brasil só perde. Cria-se, a partir daí, um sistema caótico que "ganha" com as perdas. Ganhos que são divididos entre meia dúzia de sultões que só querem seu quinhão, enquanto o infinito de trabalhadores pagam o preço da farra levada a cabo pelos Dirceus, Jeffersons, Delúbios, Genoinos, Calheiros e afins.

Analisando as entranhas do corpo político brasileiro, conclui-se que o câncer está se alastrando desde o Oiapoque até o Chuí, com grande tendência de ser maligno. Enquanto os demais países em desenvolvimento buscam curar suas doenças respiratórias, o Brasil continua preso em problemas centenários, que vêm desde a colonização e já deviam fazer parte do passado.

Caminhando pelos ideais intrincados da petulância política, o Brasil estimula as soluções parciais e deixa de lado o trabalho para buscar soluções efetivas.

Para a dignidade e o verdadeiro desenvolvimento é preciso curar esse câncer. Somos o pulmão do mundo, portanto, podemos usá-lo para que o mundo possa respirar novos ares.

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.