sábado, 31 de maio de 2008

Um cálice de opinião, sem gelo, por favor!

A idéia de criar um blog surgiu de súbito na madrugada do dia 30 para o dia 31 de maio de 2008. De cara com a falta de oportunidade de manifestar minhas idéias e, talvez, soluções ou, pelo menos, formas de encarar os fatos, nasce um blog que pretendo cultivar como uma planta. Alimentando-no com pensamentos durante bons tempos.

A idéia do nome veio-me ao perder o sono, mais uma vez, pensando sobre os fatos e fados do cotidiano que sempre me afligem. O "cálice" veio da música homônima de Gilberto Gil e Chico Buarque de Holanda. A música condena a falta de liberdade vivida nos meandros dos "anos de ferro" da Ditadura Militar no Brasil. Gil e Chico usaram o "cálice" como uma metáfora para um "cale-se" aos militares que, entre outras coisas, oprimiam todo e qualquer tipo de pensamento que pudesse comprometer o regime. Fato que se vê ainda hoje, implícito em censuras menores e quase imperceptíveis aos mais despercebidos. Segue a letra na íntegra.

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça

As classes detentoras do poder querem formar cidadãos ignorantes e pouco esclarecidos para que possam moldar seus pesamentos de acordo com os interesses deles, usando de uma retórica suja. Hodierno, mais do que ontem e menos que amanhã, precisamos sacudir a poeira e encarar os fatos do cotidiano com críticas e sugestões. Precisamos ler opiniões diversas para discutirmos e tirarmos nossas próprias conclusões sobre tudo na vida.

Esse blog, ainda embrionário, pretende tratar de diversos assuntos: política, religião, cultura, música, cotidiano, fatos históricos, entre outras coisas. Sobretudo, a intenção é gerar opiniões diversas sobre uma mesma coisa para que, em dado momento, encontre-se um denominador comum. Ou não. É despertar o prazer de discutir, de argumentar.

Eu, que sempre acreditei que o segredo de tudo está em nós mesmos, continuo acreditando ainda mais. Em um mundo que vive uma crise de valores, que afetam diratemente nossa vida prática, vê-se, mais do que nunca, o quão necessário é pensar e tornar vigente a frase (não me lembro de quem): "Saber para prever e prever para prover".

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

Alguns vídeos interessantes:

http://www.youtube.com/watch?v=oXGDlMMOEWg

http://www.youtube.com/watch?v=wV4vAtPn5-Q&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=mNahghpgZek&feature=related