quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Inércia do erro: O progresso do conformismo.

Em um passado não muito distante, quando comecei a cursar comunicação, li o livro Teorias da Comunicação: o pensamento e a prática da Comunicação Social. Rio de Janeiro: Campus, 2003. Dos autores Ilana Polistchuk, mestre em Comunicação Social, e Aluízio Ramos Trinta, bacharel em Letras. A última frase do livro me deixou com uma pulga atrás da orelha, e levou-me à reflexão: “Quanto mais escura se faz a madrugada, tanto mais carrega em si a aurora”. No primeiro momento, achei a frase interessante por conter uma filosofia forte. Entretanto, após alguns meses, deparei-me novamente com essa frase pesquisando minhas resenhas antigas. E enxerguei um pouco além.

Há momentos em que acreditamos ter descoberto o segredo de tudo, com respostas às perguntas irrefutáveis. Porém, a vida mostra-se mais complexamente simples a cada dia. Ter a certeza de que não existe certeza é algo tampouco incerto. A incerteza concerne em busca e desfaz-se em reflexão. E isso já é um segredo lindo que a natureza humana nos mostra.

A sociedade racional sempre transformou a natureza irracionalmente. E hoje sofremos as consequências dessa insensatez. O já ultrajado Aquecimento Global é nossa herança. O nosso próprio habitat nos mostra verdades, como uma forma de fomentar a singularidade e, ainda assim, continuamos insistindo no errado.

Nos dias de hoje, dá-se tanto valor à pluralidade, às massas, que a individualidade ficou rouca e agora perdeu totalmente a voz. Somos, com mais veemência, um pontinho no meio do nada. A individualidade está para o ser humano assim como o oxigênio está para todos os aeróbios. Nós não somos massa nem tampouco multidão, mas cidadãos. Embora a minoria da sociedade (quem orquestra!) quer a manutenção do silêncio, através do condicionamento social e cultural, somos, sobretudo, indivíduos pensantes e não podemos fugir das nossas responsabilidades. Enquanto tudo isso acontece no quintal de nossas casas, nós, os "motores" (fundidos!?) da História, recebemos tudo de braços abertos, dizendo: "O meu voto não vale nada." ou "De que adianta eu votar no fulano se todos vão votar no ciclano?" ou ainda "Político é tudo igual. Dá na mesma!"

Por essas e outras, observo a acomodação das pessoas ante o absurdo e, através da ordem social vigente, vejo-as com medo de acreditar, medo de ter esperança, sempre capengando com a "irreversibilidade do Sistema" ou com o discuro típico da classe média hipócrita: "O PT dizia ser diferente e continua a mesma coisa". O erro está na desesperança. Pois quem não anseia não tem uma existência funcional. Será que precisamos de outro Golpe Militar para servir de desfibrilador para salvar a verdadeira esquerda?

Em suma, o mais importante da vida é, de fato, a noção de responsabilidade. Cada ação, seja ela profícua ou deletéria, gera uma reação. A partir daí, o conhecimento se torna a única virtude, criando assim uma rede onde o essencial é prioridade. É preciso sim mudar o mundo. É preciso sim não aceitar mais do mesmo. Não somente nas questões filosóficas e políticas, mas em tudo que rezoavelmente entendemos, é preciso enxergar além. É sempre cabível sugerir e absolutamente plausível conhecer.

Sendo assim, o incoformismo (fruto da reflexão) é invariavelmente o caminho para o verdadeiro progresso da sociedade moderna.

Buscando as verdades, poderemos, sobretudo, unir fé e razão, amar o nobre e o plebeu, respeitar as diferenças entre muçulmanos e cristãos e, quem sabe, agradar a gregos e troianos. Pois em época de trevas, quanto mais a escuridão se faz, maior a possibilidade de se encontrar luz no fim do túnel.

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo

Arte: Princípio da Incerteza - René Magritte, 1944

2 comentários:

Anônimo disse...

Uma pena vocês não ouvirem meus aplausos!

Danii disse...

Nossas verdades, nossa essência, aceitar nossas imperfeições, frágeis, e tão humanas.
O erro é generalizado, entrelaçado com nosso conflito pessoal, que cai sobre a roda da vida. Submetemo-nos ao condicionamento social, que nos coloca em uma forma padronizada pelo sistema, manipulando inconscientemente nossas atitudes, parte ai o acreditar que tudo se compra amor, sexo, paz...
Prefere-se a certeza cômoda do amanhã, do que o “erro” da mudança, que talvez nos leve a caminhos ainda não percorridos, e as conseqüências que arbitram nossos atos é a doença de cada um, é o tapar dos olhos, direcionar os pensamentos para coisas mais praticas, o não pensar apenas, porque há quem pense. E afinal, não somos indivíduos, somos, no plural.