sexta-feira, 6 de junho de 2008

Vad är du danande, Brasilien? (Tradução do sueco: O que você está fazendo, brasileiro?)

Não é brincadeira. A Folha de São Paulo publicou na sua edição de hoje, 6 de junho, que o empresário sueco Johan Eliasch por meio de sua suposta empresa Gethal [...] retirou 699.809 m3 de madeira nobre da floresta na região de Manicoré (AM) sem seguir a legislação ambiental brasileira. Os advogados do empresário informaram apenas que a área pertence à Gethal, mas não confirmaram a participação de Eliasch no controle da empresa. A investigação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) mostra que o sueco controla a empresa por meio de um fundo de investimentos baseado nos Estados Unidos. [...] Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u409459.shtml>. Acesso em: 6 de junho 2008.

O sueco foi multado em 450 milhões de reais por desmatamento ilegal, todavia comentou uma possível compra da Amazônia por 50 bilhões de dólares em uma palestra com seguradoras.

O governo brasileiro não se manifestou formalmente sobre as palavras de Eliasch. Desde as primeiras privatizações no Brasil, no final do último milênio, o governo, que tornou esse processo um meio de aliviar suas dívidas com o FMI (Fundo Monetário Internacional), tem mostrado desinteresse em novas privatizações _sim!, a Amazônia é vista como uma empresa. A economia brasileira aproveitou os bons ares do mercado e já não é refém do FMI como antanho. Porém, não nos surpreendamos se houver uma resposta positiva do Planalto mediante uma proposta formal estrangeira ao Itamaraty: nihil obstat. Não como um todo, mas aos poucos, vemos nosso maior bem, o pulmão do mundo, esvaindo-se como um gás que destrói o mundo. É claro que o governo não seria maluco de vender a Amazônia assim, por inteira. Mas de pouco em pouco: Negocia-se. Uma dor a conta-gotas aos “idiotas” que se preocupam com o bem viver. Ser realista é carregar um fardo muito pesado. Entretanto, se não o formos seremos sempre complacentes com os absurdos tão normais.

A diplomacia dos grandes pólos econômicos com os ascendentes sempre necessita de uma trégua para o café. Aí está o perigo. Certa vez, li uma frase que me amedronta nessas horas: “E tão simples são os homens, e obedecem tanto às necessidades presentes, que aquele que engana sempre encontrará quem se deixe enganar”. Acho que é Nietzsche.

Ao terminar de ler a matéria, olhei o calendário e vi que hoje não é primeiro de abril. Fiquei ainda mais angustiado. Façamos nossos solilóquios.

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.


FRASE DO DIA: "De vez em quando acho que a Amazônia é como aqueles litros de água benta que têm na igreja: todo mundo acha que pode meter o dedo"
Do presidente Lula, dizendo que não recusa ajuda, mas não abre mão da soberania nas decisões sobre a Amazônia.


Vídeos:

Eles dizem que querem preservar, entretanto não o fazem. E dissimulam com dialética suja:

http://www.youtube.com/watch?v=xSZQ65ySxl0


A "grande empreitada" anglo-sueca:

http://www.youtube.com/watch?v=IMc-Dbso400&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=OWAiuKxfdzM

7 comentários:

Anônimo disse...

*-*
Adooroo a forma, na qual, você escreve! É tão inteligente a forma que você nos transmite uma noticia.
E eu adoro suas figuras de linguagem, sempre no final e/ou seus comentários. :)
Ah, João, uma carreira promissora!

Amazônia, que se cuide!
=/

* Maas, nós brasileiros, aceitamos até a forma, na qual, os americanos desenham seus territorios. ( Com a Amazonia, junta. ;/ )

:*
Te amoo!!

Unknown disse...

Estão vendendo a Amazônia,pedacinho por pedacinho!
Lamentável :/

João Gabriel Rodrigues disse...

Obrigado, Maíra! Pois é, acho que deveríamos não aceitar, hein...

Assista o vídeo que está no final do artigo.

Um beijo,

João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

Unknown disse...

Irretocáveis, tanto a forma quanto o conteúdo.
Discordo apenas do "pulmão do mundo" que, apesar de consagrada pelo uso, é uma expressão equivocada, uma vez que a própria Amazônia consome todo oxigênio que produz, como num sistema fechado.
Mas não vem ao caso, o fato é que estamos assistindo à gradual extinção da floresta com a mesma impassibilidade de que invariavelmente nos valemos ante aos absurdos políticos e sociais. Ante a qualquer absurdo, na verdade. Estando o assunto tão em voga agora, oxalá acordemos do nosso estoicismo e busquemos soluções efetivas...!
No mais, meus sinceros parabéns por esse e pelos outros textos (que ainda estou lendo), faço coro com a Maíra pra dizer que temos aqui uma carreira promissora!
E é bom ver mais uma vez comprovado seu talento, caro Goritéli! :)

Beijoo!

Anônimo disse...

Grande João.... bem.. você é bem grandinho mesmo né..!!!
Cara, estamos perdendo a Amazônia, isto já é fato, basta olhar o tanto de terras que o sueco, que se não me engana é o proprietario da Adidas, vem adquirindo no local. Pois é, como você disse.. O governo não vai vender a Amazônia em si por inteira, mais aos poucos.... pouqiunhoss....
O que falta na Amazônia, pelo governo brasileiro, é uma politica territorial no local, incetivos aos moradores para extração de produtos originarios da propria amazonia como o açai, ou o babaçu dentre outros, o que não causa desmatamento an regiao e gere lucro aos povos de lá, também falta uma politica Saúde, educação dentre outros... coisas estas que você não vê na região "norte" do Brasil..... é, e la se vai um "pedaçinho" de terra brasileira pa Europa... Nada mais comum do que isto... Afinal de contas estamos desde 1500 nas mãos dos Europeus.....

Jauzim... Abracaum ai..
e continua assim... ta mandando bem..

flw cara

João Gabriel Rodrigues disse...

Não sabia que o "pulmão do mundo" era uma metáfora além do próprio sentido metafórico. Bom saber! Obrigado, Lívia. Elogios assim sempre são meus incentivos.

A importância da Amazônia é fato. Não só pela sua biodiversidade, mas pelos recursos naturais possíveis e que não interferem na vida dos animais. Como a extração de frutos. Você lembrou bem, Fábio. Não é necessário desmatar. É necessário cultivar. Implantar uma sucursal proba do governo nos arredores da selva amazônica também seria algo interessante. Esse colonialismo é dado pela falta de discernimento do povo brasileiro. Em primeira instância, é necessário investir em educação. Para que os brasileiros possam enxergar o quão importante é tanta coisa que eles não dão o devido valor.

Um abraço ao Fábio e um beijo à Lívia! Continuem a compartilhar seus solilóquios aqui...

João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

Anônimo disse...

Jone, parabéns novamente pelas indagações!

O termo "pulmão do mundo", como dito anteriormente pela Lívia, foi equivocado; consultando algumas bibliografias eletrônicas (a saber: http://www.fgaia.org.br/texts/t-amazonia.html ; http://www.editorasaraiva.com.br/eddid/CIENCIAS/biblioteca/artigos/amazonia.html ) percebem-se dois grandes equívocos. O primeiro no simples fato de que um pulmão consome oxigênio e não o produz. o segundo reside no fato de que o oxigênio é um nutriente cíclico, ou seja, é produzido e consumido sempre, não necessariamente num sistema fechado. Do contrário, acumular-se-ia na atmosfera e causaria danos à vida no planeta. A segunda referência nos mostra que a floresta pode buscar a promoção um equilíbrio entre os gases atmosféricos, pois com o aumento do Gás Carbônico atmosférico aumenta-se também a taxa de fotossíntese, aumentando, assim, a biomassa e a produção de oxigênio. Resumindo, a Amazônia contribui para o resfriamento do planeta, bem como os fitoplânctons.

Desculpe por ficar viajando nesse afluente do seu texto. Nem sei o que dizer sobre a venda da Amazônia. Lembro de ter lido uma resposta de Cristovam Buarque ao questionamento de representantes de vários países sobre a internacionalização da Amazônia: [...]"Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro."[...](veja o restante em: http://www.almacarioca.com.br/cro38.htm .

Abraço a todos