sábado, 1 de novembro de 2008

Carnaval fora de época: O ópio da juventude moderna.

Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo. O Carnaval francês tem nos desfiles de corsos, nas batalhas de confete e nos espetáculos de marionetes e de teatro de rua, seus pontos de maior atenção, concentrando-se principalmente na cidade de Nice. Nova Orleans (E.U.A), Toronto (Canadá) e Rio de Janeiro se inspiraram no Carnaval francês para implantar suas novas festas carnavalescas.

A palavra "carnaval" está relacionada com a idéia de "afastamento" dos prazeres da carne marcado pela expressão "carne vale", que acabou por formar a palavra "carnaval" a partir da implantação, no século XI, da Semana Santa pela Igreja Católica.

Paradoxalmente aos preceitos católicos, no Brasil, a cultura do carnaval ultrapassou não só os limites etimológicos mas, também, os limites de um período determinado durante o ano para seus festejos. Os carnavais fora de época têm como objetivo levar diversão aos amantes da alegria. Entretanto, o "carnaval das micaretas" deixou de ser um evento cultural para ser simplesmente evento, ou seja, apenas uma empreitada que resulta na subjugação do ser humano diante de si mesmo, tornando, assim, um ópio amargo de tristeza que aparenta ser doce de alegria.

Com a miríade de problemas da Sociedade moderna precisamos realmente fugir tanto da realidade com essas pseudo-alegrias? Esquecer do outro, esquecer dos aspectos humanos, ignorando seus problemas, é, acima de tudo, esquecer de nós mesmos, é nos afastar covardemente da nossa própria existência. A nossa liberdade também prende.

Os anseios dos seres humanos mostraram, no curso da História, que, muito além de alegria, buscamos felicidade plena. A publicidade desses eventos, "vendem" uma "felicidade" efêmera como sendo absoluta. E grande parte dos jovens gostam desse tipo de evento, alimentando o monstro do absurdo e, portanto, tornando-o aceitável. Se a esperança são os jovens...

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

"Dá pra brincar, dá pra comemorar,
Só não se sabe muito bem por quê.
Entrou de cara na realidade,
Na quarta-feira que eu quero ver..."

Trecho da música "Mucama" da banda Cidade Negra.

4 comentários:

Anônimo disse...

"A Liberdade também prende."
Gostei muito desse ponto de vista. Isso realmente acontece, vimos por aí aqueles que destinam desde o começo do ano uma quantia razoável do seu ganha-pão para pagar o seu abadá ou camarote. Assim, eles sentem menos o impacto do alto preço cobrado pelos poucos dias de festa, que às vezes passam até despercebidos por causa de um leve exagero na bebida.
Não que o valor não seja justo, isso quem pode dizer são os donos da festa (estou falando do Carnalfenas, em específico), que aliás se encontram muito bem financeiramente. E não podia ser diferente.
Já fui na festa várias vezes - na chamada "pipoca" -, não nego. Mas ficar preso a isso como se fosse um evento anual obrigatório não é pra mim. Meu dinheiro suado vale muito mais que isso. Entre outros motivos estão o ânimo, o estado-civil, o gosto por axé e por multidão suada.

Adriane Souza disse...

O carnaval é quase uma mega orgia. Digo isso pois moro na Bahia de São Paulo: Cerquilho. Minha cidade realiza o maior carnaval do estado, a população duplica nesta época. E, ao ver adolescentes frequentarem a festa de mini saia e sem calcinha, jovens entrando em coma alcoólico todas as noites, pessoas comprometidas cometendo adultério em público sem pudor algum e homossexuais (tanto feminino quanto masculino) se exibindo ao público beijando a todos sem nenhuma inibição, só posso concluir que a hipocrisia da sociedade é maior do que eu pensava. Pessoas que vivem uma vida quase casta o ano todo perdem totalmente "as travas" nesta época.
É cômico a sociedade usar apenas quatro dias para mostrar o que cada indivíduo é de verdade...

Patético...

Excelente postagem Batman....parabéns.

Anônimo disse...

"Liberdade também prende". A noção de libertação para uns está na alimentação de alegrias indescritiveis e indiscutíveis perante ao seres caretas, seres consumidores de uma eterna tristeza e preguiça, segundo eles. Fato é que as pessoas de forma geral não possuem um felicitômetro, são influenciadas pelo sistema operacional da felicidade: beber, beber, e beber, e assim como em uma grande indústria de vasta produção, se satisfazer satisfazer e satisfazer até pensar que entraram em catarse quanto nem ao menos sabem o significado disso. Libertar a felicidade deveria ser fundamento de todos os dias, assim como levantar e escovar os dentes. Se libertar é dar voltas em torno de sua razão e emoção, encontrar o equilibrio básico e necessário para a sobrevivência, e não reservá-la para apenas alguns dias em forma de não ter que possuir um peso na consciência por não ter aproveitado dessa suposta felicidade, alegria de momento. Ser jovem é curtir. Ser velho é fazer reflexão do que foi curtido. E o adulto é elo dessa inconstante certeza de que a vida é uma ideologia. Tomo conta da sua ideologia não deixe que o ideolgismo te pegue, pode ser que você não tenha a chance de idealizar.

Nairo Lopes disse...

Hey, João. Penso exatamente o que vc escreveu. Talvez, nesta época do ano o limite entre a liberdade e a libertinagem esteja muito tênue. Nâo sei como esta festa ainda acontece aqui no "paraíso dos universitários", na cidade onde há festas de 2ª a domingo.
Abraço, João!