quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Lévi-Strauss: Cem anos de pensamento.

Claude Lévi-Strauss, etnólogo e antropólogo, é um dos maiores intelectuais do século XX. Na próxima sexta-feira ele completará cem anos de idade.

Conhecido como o fundador da antropologia moderna, o francês estudou durante três anos várias tribos indígenas no Brasil, fazendo várias excursões para o Centro-Oeste e o Norte do país. Em contato com índios cadiuéus, bororos e nambiquaras, começou a esboçar as bases do estruturalismo, corrente que revolucionou a antropologia em meados do século passado. Acompanhou também a incógnita morte do antropólogo americano Buell Quain, que estudou com ele as tribos indígenas na década de 1930. Quain foi encontrado morto, um suicídio aparentemente desconhecido, isolado em uma tribo brasileira.

As várias missões etnológicas e as experiências em Mato Grosso e na Amazônia foram contadas em seu terceiro livro "Tristes Trópicos" (1955), também considerado uma espécie de autobiografia intelectual. É tida por muitos como a obra-prima do etnólogo, em que ele fala de certa desilusão com alguns paradigmas do pensamento civilizado europeu.

Em "O Pensamento Selvagem" (1962), Lévi-Strauss demonstra que não há uma verdadeira diferença entre o pensamento primitivo e o moderno. "Não se trata do pensamento dos selvagens e sim do pensamento selvagem. É uma forma que se atribui a toda Humanidade e que podemos encontrar em nós mesmos, mas preferimos, no geral, buscá-la nas sociedades exóticas", explicou o antropólogo.

Por ser de origem judia, Lévi-Strauss se refugiou da Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos, em 1941, dando aulas em Nova York, onde conheceu o lingüista Roman Jakobson, que teve uma grande influência sobre seu pensamento.

Em suma, o estruturalismo apreende a realidade social como um conjunto formal de relações. Pretendendo, assim, chegar ao "modo de operação" do espírito humano.

Atualmente Lévi-Strauss vive recolhido no apartamento que viveu nos últimos 50 anos em Paris e recebe poucos amigos. Ele é extremamente tímido, mas tem uma grande capacidade de ouvir, o que é, de certa forma, uma dádiva. "Estamos num mundo ao qual já não pertenço. O que eu conheci, o que eu amei, tinha 1,5 bilhão de habitantes. O mundo atual tem 6 bilhões de humanos. Já não é o meu mundo".

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

Um comentário:

Renan Damasceno, 26 disse...

Assisti aos documentos etnográficos dele semana passada. São impressionantes, como toda obra dele (que conheço quase nada).

Boa Jão!
Esse é o caminho, rapaz!

Abraço