
Com obras que marcaram a literatura, como "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881) e "Dom Casmurro" (1900), além de diversos contos, o escritor brasileiro Machado de Assis é, para muitos, o maior escritor de língua portuguesa e um dos maiores do mundo. Hoje, 29 de Setembro, faz-se exatos cem anos de sua morte.
Machado de Assis sempre mostrou um estilo único. Com uma linguagem simples e ao mesmo tempo complexa, ele critica a sociedade de sua época e, sobretudo, o comportamento humano. Ele é considerado um gênio não somente pela literatura em si, mas também pela sua postura crítica diante de uma época com costumes ortodoxos. Em 1872, Em "Carta a Lucio de Mendonça", ele disse: "Defeitos não fazem mal, quando há vontade e poder de os corrigir". Podemos dizer que Machado de Assis era um romântico parnasiano, ou seja, um homem que sabia o que era certo ou errado de acordo com o momento e o contexto histórico.

Na nossa realidade histórica, como contraponto à genialidade do literato brasileiro, um Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990, e que entra em vigor no Brasil a partir de janeiro de 2009, vai afetar principalmente o uso dos acentos agudo e circunflexo, do trema e do hífen. Segundo o Ministério da Educação, haverá um prazo de transição até o fim de 2012, em que as grafias serão aceitas em todos os oito países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP): Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.
O Novo Acordo tem alguns pontos positivos, como a extinção do trema, que era, na verdade, uma redundância do sentido prático da escrita, e já não era usado pela maioria das pessoas. A unificação da ortografia nos países que adotam a língua portuguesa também é positiva. Porém, o contexto cultural que transforma uma grafia - com suas peculiaridades - não pode destruir, e sim construir. Sendo assim, uma língua rica de suas origens históricas, como é a portuguesa, empobrece sem querer.

Em resumo, é importante reformar a língua para sua adaptação ao cenário atual, mas também é importante valorizar suas peculiaridades históricas e sua essência. O hífen, que sempre foi o catalisador que transformava duas palavras e uma só, morreu subitamente. Exemplo: Guarda-chuva agora será guarda chuva. O hífen era o que hibridizava duas palavras em um só objeto ou idéia, o objeto guarda-chuva no caso. Pior que isso será escrever "ideia" sem acento. Já foi difícil agora: o Microsoft Word acentuou automaticamente a palavra "idéia", tive que voltar e retirar o acento. Mas nem tudo são rosas em terra de gentio. O que Machado de Assis acharia do Novo Acordo se ainda estivesse vivo?
Por : João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.