sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A Segunda Guerra Fria

As olímpiadas de Pequim terminaram. E durante toda competição a disputa por medalhas entre Estados Unidos e China foi um reflexo da competição político-econômica entre as duas nações.

No passado, a extinta URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) guerreou friamente com os E.U.A. em uma corrida espacial e ideológica. A guerra foi chamada "fria" porque não houve qualquer combate físico, embora o mundo todo temesse a vinda de um novo conflito mundial pelo poderio militar das duas potências. Os americanos defendiam seu capitalismo e os sovietes pregavam o socialismo estalinizado. A bipolaridade política dessas duas potências da época refletem a bipolaridade capitalista de hoje: Estados Unidos, com sua hegemonia de longa data e a China, com sua escalada ao cume da montanha do mercado.

Essa "nova Guerra Fria" fez a China investir pesado na preparação de seus atletas para mostrar ao mundo uma futura hegemonia e dominação. A cultura chinesa é tortuosa aos costumes ocidentais. Talvez, essa diferença cultural, juntamente com o problema demográfico, seja o grande problema para o comando econômico da China. O ocidente já assimilou as ideologias de mercado norte-americanas, como, por exemplo, o modelo fordista de compra (64,2% das pessoas que moram em países ocidentais trocam de celular, pelo menos, de dois em dois anos, o que, por um lado é bom para a China). A força do mercado chinês, que já sofreu com o despotismo comunista de Mao Tsé-Tung, já é realidade.

A expansão da economia mundial interessa ao Brasil. Os governos dessas potências precisam adequar-se às mudanças criadas pela globalização sem entregarem-se ao protecionismo. A Rodada Doha foi o maior exemplo disso.

Os chineses estão com os olhos abertos e ganharam força com o espetáculo olímpico. No cenário da Olimpíada a China já levou a melhor. No plano econômico o futuro ainda é incerto. Resta saber como será a adaptação dessas potências em relação às transformações que o mundo passará durante a próxima década. Quem conseguir se adaptar melhor às tendências e necessidades da humanidade poderá levar o ouro no plano político-econômico.


Saiba mais:


http://br.geocities.com/sousaraujo/textos/china2.htm

http://ultimosegundo.ig.com.br/new_york_times/2008/08/21/comentario_ascensao_da_china_vai_alem_das_medalhas_1588323.html


Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Rússia X Geórgia - Uma guerra lógica?

[...]A Geórgia acusa a Rússia de armar os rebeldes da Ossétia do Sul, que tentam a separação desde a guerra civil da década de 90, quando a região declarou sua independência. Moscou nega essas acusações. A Rússia está insatisfeita com a ambição da Geórgia de integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, a aliança de defesa ocidental), e acusou o país de concentrar suas forças em torno das regiões separatistas, onde tropas de paz russas estão estacionadas.

Depois da queda da União Soviética, em 1991, a Geórgia votou pela restauração da independência que havia brevemente experimentado durante a Revolução Bolchevique. No entanto, a postura nacionalista refletiu em problemas com a região norte da fronteira da Geórgia, habitada pelos ossetas - um grupo étnico distinto natural das planícies russas, ao sul do rio Don. A Ossétia do Sul fica do lado georgiano da fronteira, enquanto a Ossétia do Norte fica em território russo. Apesar disso, os laços entre as duas regiões permaneceram fortes e o movimento pela independência osseta foi estimulado pelas dificuldades enfrentadas na época dos czares, no período comunista até atualmente. Quando a Geórgia se separou da União Soviética, o governo nacionalista proibiu o partido político da Ossétia do Sul, o que levou os ossetas a boicotarem a política georgiana e realizarem suas próprias eleições - pleito que foi considerado ilegal pela Geórgia. Os conflitos entre os separatistas e as forças georgianas começaram nesta época, mas o Exército da Geórgia não exterminou os rebeldes ossetas por medo de uma intervenção russa. A Ossétia do Sul proclamou sua independência em 1992, mas sua autonomia não foi reconhecida pela comunidade internacional. A região quer ser agregada à Federação Russa, assim como a Ossétia do Norte. A situação está frágil desde 1990 e se agravou ainda mais há quatro anos, quando os georgianos começaram a realizar operações policiais e de combate ao contrabando na região.[...]

Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/08/08/russia_trava_guerra_contra_georgia_diz_presidente_georgiano_1508081.html> Acesso em: 27 de agosto 2008.

A grande divergência que gerou o conflito armado entre russos e georgianos não foi a questão étnica. Conflitos étnicos já foram motivos de guerras em um passado não muito distante: o anti-semitismo nazista na Segunda Guerra Mundial, sendo, também, apenas fachada. O que os alemães queriam era frear o expancionismo ecônomico-ideológico judeu. Assim como os russos querem frear os ideais libertários dos georgianos.

"Essa é uma agressão direta da Rússia... Estamos sofrendo agora porque queremos ser livres e queremos ser uma democracia multi-étnica", disse o presidente da Geórgia em entrevista.

A Rússia, que ainda tem laços reacionários herdados da extinta União Soviética, luta pelos seus interesses. A etnia é apenas um pretexto para burlar a ONU e fazer o conflito "aceitável". O que os russos buscam é autonomia na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), e despertar novamente seu nacionalismo conservador. Já os georgianos lutam, em legítima defesa, por uma liberdade utópica. Liberdade com os ideais da Revolução Francesa, mas que são diamantes nas mãos de quem não tem poder político. Afinal, porque a Rússia quereria anexar terras em seu Estado ultra-ortodoxo? Novas terras, ou seja, novas idéias, só iriam desestabilizar o governo russo.


A Geórgia é um país pequeno, com apenas 5 milhões de habitantes (menos da metade da população da cidade de São Paulo), que busca seu lugar ao Sol.

O Brasil é privilegiado em questões étnicas. Um país miscigenado de negros, índios e europeus, unidos em uma só nação, laica, porém em paz. Os georgianos dariam-se bem com o povo brasileiro. Não existe nação mais harmoniosa, multietnicamente falando, do que o Brasil. Um olho na guerra e outro no potencial do povo brasileiro.

"Justum enim est bellum quibus necessarium, et pia arma ubi nulla nisi armis spes est."

"Justa, na verdade, é a guerra, quando necessária, e piedosa são as armas quando só nelas reside a esperança."

Saiba mais:

http://www.euronews.net/pt/article/09/08/2008/thousands-dead-in-south-ossetia-fighting/

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

40 anos se passaram do dia que marcou o fim da "Primavera de Praga"...

O dia 20 de agosto tornou-se um dia de tristeza àqueles que conhecem a história da "Primavera de Praga". Passados exatos quarenta anos, e ainda em voga, a "Primavera de Praga" foi um dos eventos que marcaram o ano marcante de 1968. Aquém das revoltas estudantis eclodidas na França e expandidas pela Europa, a "Primavera de Praga" foi um socialismo de fato ou apenas um devaneio dos intelectuais tchecos. A Tchecolosváquia de 68 vivia, assim como todo mundo, uma transformação. O Partido Comunista Tcheco interessava-se em promover grandes mudanças na estrutura política, econômica e social do país. Comandada pelo líder do Partido Comunista local, Alexander Dubcek, esse "socialismo com face humana” foi vivido durante a primavera tcheca, quebrando o paradigma de que o sistema socialista é necessariamente despótico.

Dubcek defendia um socialismo "desestalinizado" no país, removendo os vestígios de autoritarismo, que considerava anomalias crônicas do sistema socialista.

[...]O secretário-geral do partido prometeu uma revisão da Constituição, que garantiria a liberdade do cidadão e os direitos civis. A abertura política abrangia o fim do monopólio do partido comunista e a livre organização partidária, com uma Assembléia Nacional que reuniria democraticamente todos os segmentos da sociedade tcheca. A liberdade de imprensa, o Poder Judiciário independente e a tolerância religiosa eram outras garantias expostas por ele.
A população apoiou as propostas de Dubcek. Acreditava-se que era possível transformar, pacificamente, um regime ortodoxo comunista para uma social-democracia aos moldes ocidentais. Com estas propostas, Dubcek tentava provar a possibilidade de uma economia coletivizada conviver com ampla liberdade democrática.

A União Soviética, temendo a influência que uma Tchecoslováquia democrática e socialista, independente da influência soviética e com garantias de liberdades à sociedade, pudesse passar às nações socialistas e às "democracias populares", mandou tanques do Pacto de Varsóvia invadirem a capital Praga em 20 de agosto de 1968. Dubcek foi detido por soldados soviéticos e levado a Moscou. Na cidade de Praga a população reagiu à invasão soviética de forma não violenta, desnorteando as tropas. A organização quase espontânea foi em parte liderada pela cadeia de vários pequenos transmissores construídos às pressas por membros do exército tcheco e aficionados por radiotransmissores: a Rádio Tchecoslováquia Livre. Cada emissora transmitia instruções para a população por não mais que 9 minutos e depois saia do ar, dando o espaço para uma outra, impossibilitando assim a triangulação do sinal. Suas instruções eram para a população manter a calma e sobretudo não colaborar com os invasores. Os russos ainda tentaram trazer uma potente estação de rádio para criar interferências nos sinais, porém, os ferroviários tchecos com uma extrema negligência, atrasaram a entrega e quando a estação chegou ao seu destino estava inutilizável.

Os russos conseguiram uma ocupação total em poucas horas, porém chegaram a um impasse político, as diversas tentativas para criar um governo colaboracionista fracassaram e a população tcheca foi eficiente em minar a moral das tropas. No dia 23 se iniciou uma greve geral e no dia 26 se publicou o decálogo da não cooperação: não sei, não conheço, não direi, não tenho, não sei fazer, não darei, não posso, não irei, não ensinarei, não farei!

A paralisação dos trens, interrompeu a comunicação com os países aliados e para evitar que os tanques chegassem até Praga, as placas foram invertidas e depois pintadas com uma tinta fácil de raspar, quando os soldados raspavam as tintas para verem a indicação correta, acabavam indo na direção de Moscou.

Enquanto isso, os raptores contavam a Dubcek que a população tcheca estava sendo massacrada como fora a população húngara 12 anos antes, o que o levou a assinar um acordo de renúncia.
As reformas foram canceladas e o regime de partido único continuou a vigorar na Tchecoslováquia. Em protesto contra o fim das liberdades conquistadas, o jovem Jan Palach ateou fogo ao próprio corpo numa praça de Praga em 16 de janeiro de 1969.[...]

A conduta humana, quando recebe algo em contrapartida aos seus interesses, vê-se na obrigação de censurar, de atacar, de guerrear. A ação soviética em Praga foi apenas uma das tantas argüições dos detentores do poder mediante o risco de perdê-lo.

Hoje, no Brasil, o presidente Lula e a cúpula do PT (Partido dos Trabalhadores) não acreditam, mas ponderam um terceiro mandato para a situação. Embora sem muita veemência, essa hipótese já é por si só um acinte aos brasileiros, podendo tornar-se fato. Entanto, espera-se que a constituição não seja ferida por um ou dois patifes da politicagem, mantendo, assim, a democracia. Na Bolívia, há também o insensato Hugo Chávez que continua pregando a “revolução bolivariana” com sua arrogância de típico caudilho sul-americano. Está aqui. Bem perto de nós. No Brasil, na América do Sul.

O problema do poder é esse seu poder de cegar os homens para o bem-comum. É o poder de deixá-los fechados em si mesmos.

É claro que a "Primavera de Praga" foi um evento lindo, romântico, quase ideal, porém, é tolice pensar que algo tão bom pudesse perdurar ante os benefícios feridos dos soviéticos e a iminência da expansão mundial das práticas socialistas de Praga. Talvez, essa "Primavera" foi uma tolice dos intelectuais comunistas. Se as ações fossem mais articuladas, mais pensadas, talvez fossem mais duradouras. Sobretudo, o evento socialista foi um “socialismo ideal na prática”. Os mais argutos perguntam: Se foi tão bom, por que não deu certo? Respondo no simples: Porque a União Soviética, que era a grande potência socialista, sentiu-se ameaçada. Nada mais. Está explícito no texto acima. Porém, a crítica não está focada na ação soviética _que, claramente, foi abominável como outras tantas_ e sim às condutas humanas, sempre imorais e acordadas com benefícios, na maioria das vezes pecuniários, de um ou de outro que tem o poder de fogo e da palavra. A Primavera de Praga foi uma epifania dos valores práticos do socialismo e das condutas humanas de até então, mostrando empiricamente que é possível, sim, “um socialismo com face humana” e "ações humanas de caráter humano".

E pergunto-lhes: O que seria mais fatídico e lamentável: as torres gêmeas norte-americanas sucumbidas pelos incógnitos aviões no “11 de setembro” ou o “20 de agosto” que marcou o triste ocaso de uma primavera que poderia ser eterna?

Saiba mais:

http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=6821&Itemid=121

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A cultura da política


Época de eleição é sempre igual: os carros de propaganda volante entopem as cidades com propagandas sobre fulanos que só aparecem nessa época quaternária. Com uma dialética simples, essas propagandas quase sempre são criadas em cima de músicas já existentes (as músicas “da moda”).

Folhetos também são freqüentes. Todavia, o que chama atenção é essa mimetização sonoro-ideológica que faz algumas pessoas votarem no “Tião da padaria” só porque ouviu o carro clamar a música que seus filhos dançam nos domingos ao assistir o programa do Faustão.

Horkheimer, um dos estudiosos da indústria cultural, falou sobre o estouro de uma crise do político cujo campo de desenvolvimento seria o cultural. As pessoas não têm ideologia, não têm opinião. É mais fácil votar no “Tião da padaria”, ou em um amigo “bonzinho”, do que analisar o cidadão em si que irá representar-nos durante quatro anos.

Essa isenção da influência do meio só seria dada se tivéssemos opinião. Mas como teremos opinião se o meio nos influência todo momento, ou seja, forma nossa opinião? Simples: não podemos engolir qualquer coisa. É claro que escutaremos toda a ladainha do meio. Porém, se assimilarmos tão-somente o que se pode tirar proveito, seremos cidadãos sensatos, conscientes e honrosos.

Cabe ao meio mostrar os dois lados da moeda. Cabe a nós escolher o melhor lado, mas não por conveniência ou troca de favores, mas pelo todo, pela óbvia ética. O “politicamente correto” morreu. Precisamos de pessoas que tenham ação, que conheçam as leis. Pessoas que farão de sua honra um escudo contra os malefícios do sistema político nacional.

Um parlamentar precisa conhecer a Legislação. É seu ônus saber sobre a máquina que envolve o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. A imprensa, que é tida como “Quarto Poder”, terá a função de mostrar as parcialidades. E nós tomaremos nossas decisões de acordo com sua influência somada a nossos ideais. A ideologia não pode morrer.

O brasileiro assimilou a cultura da massa, do “todo mundo faz”, do “todo mundo ouve”, e nem sempre a maioria está certa. Os poucos poderão ser julgados loucos. Dizia Friedrich Nietzsche: “Antes louco ao meu critério a ser sábio pelo critério dos outros”. Só assim encontraremos o paraíso, e não o pecado, logo ao lado. Ele estará mais perto do que podemos imaginar em realidade prática: na cidade em que vivemos, no lar em que moramos.

Por: João Gabriel Rodrigues e Figueiredo.